Probióticos e saúde intestinal: como aplicá-los na nutrição clínica

Nutrição
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A aplicação de probióticos tem ganhado destaque nas estratégias nutricionais voltadas à modulação da microbiota intestinal, ao controle de processos inflamatórios intestinais e à melhora de sintomas gastrointestinais funcionais. O avanço no entendimento dos mecanismos envolvidos na disbiose tem impulsionado o uso direcionado de cepas probióticas com aplicações terapêuticas específicas.

O papel da microbiota na saúde digestiva

A microbiota intestinal atua como um eixo central na homeostase do organismo, com funções que incluem: fermentação de fibras alimentares, produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), síntese de vitaminas (como K e complexo B) e modulação do sistema imunológico inato e adaptativo.

A disbiose intestinal — caracterizada por redução da diversidade microbiana, proliferação de espécies oportunistas e alterações metabólicas — tem sido correlacionada a condições clínicas como constipação funcional, distensão abdominal, síndrome do intestino irritável (SII), obesidade e doenças inflamatórias intestinais (DII).

Probióticos: definição e evidências 

De acordo com a definição da FAO/OMS, probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde intestinal do hospedeiro. Esses efeitos são altamente cepa-dependentes e contexto-específicos, exigindo atenção à indicação correta em cada cenário clínico.

Cepa, dose e formulação importam

  • Cepa: o benefício depende da espécie, mas principalmente da cepa específica (ex: Lactobacillus rhamnosus GG, Bifidobacterium lactis HN019).
  • Dose: geralmente varia de 10⁹ a 10¹¹ UFC/dia, mas deve seguir a recomendação com base em evidências.
  • Formulação: a viabilidade do probiótico até o intestino é crítica — cápsulas gastroresistentes e formas liofilizadas são as mais utilizadas.

Como aplicar probióticos na nutrição clínica

O uso de probióticos pode ser adaptado tanto a condições clínicas específicas quanto à promoção da saúde intestinal em indivíduos saudáveis, sendo uma estratégia valiosa para o nutricionista.

  1. Regulação do trânsito intestinal

Probióticos como Bifidobacterium animalis subsp. lactis HN019, Lactobacillus casei Shirota e Bifidobacterium animalis subsp. lactis BB-12 — esta última utilizada na formulação da linha Yobem — demonstraram eficácia na melhora da frequência e da consistência das evacuações, inclusive em indivíduos com constipação leve ou transitória. Essa abordagem é indicada em situações como baixa ingestão de fibras, mudanças de rotina, viagens prolongadas ou quadros de constipação funcional leve.

  1. Equilíbrio digestivo e conforto abdominal

Em indivíduos sem diagnóstico de doenças gastrointestinais, combinações de cepas como Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus plantarum, Bifidobacterium breve e B. lactis BB-12 podem atenuar sintomas leves de distensão abdominal, flatulência ou desconforto digestivo pós-prandial. Esses efeitos estão relacionados à modulação da microbiota intestinal, à produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e à melhora da digestibilidade de certos nutrientes.

  1. Modulação imune e suporte à barreira intestinal

Probióticos contribuem para o equilíbrio da resposta imune, atuando sobre a integridade da barreira epitelial intestinal, com redução da translocação bacteriana e da inflamação subclínica. Mesmo em indivíduos saudáveis, cepas como B. lactis BB-12 demonstram potencial para favorecer a homeostase imune, sobretudo em períodos de estresse fisiológico.

  1. Apoio durante e após uso de antibióticos

A administração de cepas probióticas como Lactobacillus rhamnosus GG, Saccharomyces boulardii ou B. lactis BB-12 pode auxiliar na prevenção da diarreia associada a antibióticos e na recuperação da composição e função da microbiota intestinal após o tratamento.

Limitações e recomendações práticas

Embora as evidências sejam promissoras, o uso clínico de probióticos ainda enfrenta desafios:

  • A ação é temporária — não há colonização permanente.
  • A escolha deve considerar segurança, cepa validada e indicação precisa.

Para aplicação segura e eficaz, o nutricionista deve priorizar probióticos com suporte clínico sólido, indicar o produto com cepa especificada e acompanhar a resposta clínica individual.

Conclusão

O uso de probióticos na nutrição clínica é uma ferramenta potente, mas deve ser aplicada com critério. O conhecimento sobre cepas, mecanismos de ação e condições de uso permite ao nutricionista potencializar a saúde intestinal de seus pacientes, promovendo mais conforto digestivo, equilíbrio imune e qualidade de vida.

Referências

DA SILVA, Heloisa Alves; PEREIRA, Claudia Cristina Alves. Microbiota intestinal, inflamação e ação dos probióticos:: o estado da arte. Repositório Unifesp, 2021. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/items/c7dab1ba-f67f-428e-876f-b02b7b05bfe8. Acesso em: 20 maio 2025.

SAAD, Susana Marta Isay. Probióticos e prebióticos:: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcf/a/T9SMSGKc8Mq37HXJyhSpM3K/?lang=pt. Acesso em: 20 maio 2025.Organização Mundial De Gastroenterologia. Probióticos e prebióticos. Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gastroenterologia, 2023. Disponível em: https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/probiotics-and-prebiotics-portuguese-2023.pdf. Acesso em: 20 maio 2025.